quinta-feira, 19 de maio de 2016

Aos que virão depois de nós


Bertold Brecht
Eu vivo em tempos sombrios.

Uma linguagem sem malícia é sinal de estupidez, 
Uma testa sem rugas é sinal de indiferença. 
Aquele que ainda ri é porque ainda não recebeu a terrível notícia.

Que tempos são esses, 
Quando falar sobre flores é quase um crime.
Pois significa silenciar sobre tanta injustiça?
Aquele que cruza tranquilamente a rua
Já está então inacessível aos amigos
Que se encontram necessitados?

É verdade: eu ainda ganho o bastante para viver.
Mas acreditem: é por acaso. Nada do que eu faço
Dá-me o direito de comer quando eu tenho fome.
Por acaso estou sendo poupado. 
(Se a minha sorte me deixa estou perdido!)

Dizem-me: come e bebe! 
Fica feliz por teres o que tens! 
Mas como é que posso comer e beber, 
Se a comida que eu como, eu tiro de quem tem fome? 
Se o copo de água que eu bebo, faz falta a quem tem sede? 
Mas apesar disso, eu continuo comendo e bebendo.

Eu queria ser um sábio.
Nos livros antigos está escrito o que é a sabedoria: 
Manter-se afastado dos problemas do mundo
E sem medo passar o tempo que se tem para viver na terra; 
Seguir seu caminho sem violência,
Pagar o mal com o bem,
Não satisfazer os desejos, mas esquecê-los. 
Sabedoria é isso! 
Mas eu não consigo agir assim. 
É verdade, eu vivo em tempos sombrios!

II

Eu vim para a cidade no tempo da desordem, 
Quando a fome reinava. 
Eu vim para o convívio dos homens no tempo da revolta
E me revoltei ao lado deles. 
Assim se passou o tempo
Que me foi dado viver sobre a terra. 
Eu comi o meu pão no meio das batalhas, 
Deitei-me entre os assassinos para dormir, 
Fiz amor sem muita atenção
E não tive paciência com a natureza. 
Assim se passou o tempo
Que me foi dado viver sobre a terra.

III

Vocês, que vão emergir das ondas
Em que nós perecemos, pensem, 
Quando falarem das nossas fraquezas, 
Nos tempos sombrios
De que vocês tiveram a sorte de escapar.

Nós existíamos através da luta de classes, 
Mudando mais seguidamente de países que de sapatos, desesperados! 
Quando só havia injustiça e não havia revolta.

Nós sabemos: 
O ódio contra a baixeza
Também endurece os rostos! 
A cólera contra a injustiça
Faz a voz ficar rouca! 
Infelizmente, nós, 
Que queríamos preparar o caminho para a amizade, 
Não pudemos ser, nós mesmos, bons amigos. 
Mas vocês, quando chegar o tempo
Em que o homem seja amigo do homem, 
Pensem em nós
Com um pouco de compreensão.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Os Satyros - Presença

Final de semana foi Satyrico, envolvida que estou com minha pesquisa sobre a produção de presença no teatro contemporâneo e o estudo das fotografias publicadas pela Cia Os Satyros no Instagram. Assisti seguidamente à ultima apresentação de Filosofia na Alcova e, no dia seguinte, à Juliette e depois à Justine. Trabalho corporal irretocável de todo o elenco (dentre as muitas coisas que cabem dizer sobre as produções e a direção presente de Rodolfo García Vázquez). Agora debruço-me sobre um artigo que escrevo já há alguns dias sobre uma fotografia de Phedra na Filosofia. Que força e que presença. E vem a notícia da passagem de Silvanah. Não a conheci, nem a vi atuar. Mas sei de sua importância para a história que pesquiso. Ainda não estava falando publicamente da minha pesquisa. Mas pego-me envolvida emocionalmente com meu objeto. Será positivo ou negativo? Como pesquisadora tenho tentado observar a distância. Será possível? Só sei que sinto. E sinto muito.


Foto: print feito através do meu smartphone do perfil @ossatyros no aplicativo Instagram

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Montevideo

Uma viagem de lua de mel.


Dia 30 de julho de 2015 embarcamos, Paulo e Eu para Montevideo, capital do Uruguai.
Cidade linda, com o uma arquitetura fantástica que soube unir o velho e o novo sem agredir aos olhos.
Uma gente séria, mas muito hospitaleira. Muito interessante estar em um lugar onde não existe jeitinho. Tudo é o que é...
A viagem foi o presente de casamento dos nosso padrinhos e manos Thaísa e Octávio.
Conhecemos pessoas incríveis e tivemos experiências únicas.
Muita saudade e uma vontade de voltar em breve.



Av. 18 de Julho - muita chuva, mas maravilhoso andar a pé pela cidade.










La puerta de la Ciudadela


Teatro Del Solis


Achei luz num dia chuvoso.

Caminhar nas ruas da Cidade Velha é bom, mesmo com chuva

 Museu do Romantismo










 Artista uruguaio tocando Bossa Nova

Pôr do sol fantástico no pier entre as hamblas e o porto



















As melhores comidas estavam nos restaurantes mais simples. Aqui uma massa que encontramos durante uma caminhada.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Romeu e Julieta

Cena de abertura

Dia 23 de agosto de 2015, os alunos do Teatro Escola Mário Pérsico apresentaram montagem de Romeu e Julieta, um dos maiores clássicos do dramaturgo inglês William Shakespeare. O trabalho fez parte do Módulo Prática de Montagem da escola.

Falar desse trabalho me traz muita satisfação, como professora e como diretora. Pude ver esses alunos, em sua maioria adolescentes subindo ao palco pela primeira vez, a chama viva da arte. Aquilo que nos move a buscar entender o ser humano e a sociedade em que vivemos.

Dedicação e superação foram palavras chaves nos meses de trabalho, ensaio, leituras, broncas. Mas no fim, tenho certeza que valeu a pena. Ainda vale a pena sonhar. ainda vale a pena viver.



Camarim
Laquê

Diretora



Últimos acertos


Coxia














terça-feira, 1 de julho de 2014

desafio 365





Hoje comecei meu desafio de leitura. Durante os próximos 365 dias me comprometi a ler um texto dramatúrgico por dia. A começar por hoje.

Ontem fiquei um tempo pensando em qual texto começaria o desafio. E sempre me vinha na cabeça: Édipo. Decidi primeiro identificar tudo que tenho em casa. surpreendeu-me querer reler tanta coisa, e mais ainda quanta coisa eu ainda não li. Me senti até meio mal.

No meio da papelada achei uma relação de títulos, que ocupavam três folhas. No alto da primeira estava escrito assim:

"RELAÇÃO DE TEXTOS - SUGESTÃO DE LEITURA E CONHECIMENTO MÍNIMO INDISPENSÁVEIS PARA ALUNOS DE DRAMATURGIA E DIREÇÃO."

Para minha surpresa, no fina da lista tinha um aviso:

"AVISO: esta relação é, evidentemente, incompleta. É uma sugestão do diretor José Renato e deve ser incrementada pelo interesse de cada um."

Acho que tem mais gente me ajudando no desafio. Ô, Zé. Pode ter certeza que sua lista será incrementada nestes 365 dias. Então, resolvi começar com o primeiro título relacionado pelo mestre José Renato, que nas poucas e valorosas vezes que nos encontramos, tanto ensinou. É a você que dedico este primeiro dia de desafio 365.

Édipo Rei
Sófocles





Acompanhe o desafio 365 em
https://www.facebook.com/desafio365vidaarte

E leia citações dos livros no @vanessafrisso #desafio365